O Antigo Mapa da Zona Sul de São Paulo

Daniel S.A
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Mapa antigo da região da Zona Sul, destacando áreas como Jardim São Luiz e Parque Ecológico Guarapiranga. Há uma grande área azul que representa a Represa Guarapiranga. O texto "Nova Planta da Região da Zona Sul" está em destaque na parte inferior.

Vamos conhecer um antigo mapa de ruas da Zona Sul de São Paulo que encontrei em um ferro-velho, em 2008! Pode parecer aleatório, mas é tudo verdade.


Nesta aventura, compartilho algumas fotos, curiosidades e descobertas sobre essa raridade — hoje tão difícil de encontrar na cidade.


Quem viveu em São Paulo nos anos 1990 e 2000 certamente já se deparou com aqueles enormes murais colados em pontos de táxi.


Na ausência de GPS ou internet como conhecemos hoje, motoristas e taxistas recorriam ao bom e velho guia de rua, também conhecido como planta da cidade, para se localizar.


Pesquisando online, descobri que o primeiro guia de ruas da capital foi o famoso Guia Mapograf, publicado desde os anos 1970. Outros nomes marcantes dessa época incluem o Cartoplam, o Guia Quatro Rodas e o já mencionado aqui no blog, o Guia Mais.


Esses guias funcionavam como livros, com as plantas da cidade divididas em páginas. Mas o que eu encontrei foge à regra!


Uma Raridade em Tamanho Gigante

Criado pela Editora Trieste e, em algum momento, comercializado pela loja Multimapas, o meu achado é um mapa mural de 120x90cm. Embora não cubra toda a Zona Sul, foi extremamente útil em sua época.


Infelizmente, não encontrei a data exata de produção, mas suspeito que seja do final dos anos 1990 ou início dos 2000.


Mapa detalhado da Zona Sul de São Paulo com ruas, áreas verdes e duas represas. Há linhas azuis e amarelas que parecem representar estradas ou rotas principais.

Como esse mapa foi parar comigo?

Desde pequeno, tenho o hábito de fazer reciclagem para juntar um dinheirinho — foi assim que consegui comprar meu primeiro computador. 


Em uma dessas visitas ao ferro-velho, em pleno 2008, me deparei com o mapa jogado no chão. Como sou fascinado por esse tipo de coisa, não pensei duas vezes e levei comigo.


Ele estava inteiro, sem rasgos, embora visivelmente usado. Foi através dele que conheci regiões que o Guia Mais não cobria, como partes do Jardim Ângela, Cidade Dutra, Grajaú, Pedreira e a divisa com Diadema.


A Evolução da Cidade Vista por um Mapa Antigo

Decidi comparar essa planta com o Google Maps atual para observar como a cidade evoluiu ao longo das décadas.


Ruas que desapareceram

Logo de cara, notei ruas que deixaram de existir. A construção da Avenida Luiz Gushiken, inaugurada em 2014, eliminou vias como a Rua Antônio Aranha, a Avenida Tomás do Valê — que, curiosamente, ainda aparece de forma equivocada no Google Maps — e um trecho da Rua Capitanias Hereditárias.


Quem quiser ver como era a região antes dessas mudanças pode usar a função de visualização histórica do Google Maps, escolhendo, por exemplo, o ano de 2010.


Mapa de ruas desatualizado com nomes como "Rua Capitanias Hereditárias", "Rua Teodósio de Matos", e a extinta "Rua Antônio Aranha", entre outros. As áreas estão identificadas com nomes como "Jardim Letícia", "Jardim Santo Antônio", "Jardim Neide", "Jardim Santo Amaro".
Trecho atualmente percorrido pela Avenida Luiz Gushiken


Outras alterações importantes ocorreram na Chácara Santo Antônio, com a criação da Avenida Arquiteto Carlos Bratke (no lugar de parte da Rua Laguna) e da Avenida Cecília Lottenberg, que substituiu as antigas Rua Professor Manoelito de Ornellas e Rua José Guerra.


Também merecem destaque as novas pontes Laguna e Edson de Godoy Bueno, além do Viaduto Marisa Letícia, que conecta a Estrada do M’Boi Mirim à Avenida Luiz Gushiken.


É claro que houve muitas outras mudanças, mas seria cansativo listá-las todas. Em vez disso, trago um exemplo curioso que nem o Google Maps mostra hoje: o terreno onde foi construída a Ponte Vitorino Goulart da Silva.


Jardim IV Centenário e a Ponte que Mudou Tudo

Esse mapa prova que foi produzido bem antes de 2008, pois a Ponte do Jardim IV Centenário ainda não aparecia nele. O complexo viário foi finalizado justamente naquele ano.


Para ilustrar melhor, destaquei no mapa o local exato onde a Ponte Vitorino Goulart da Silva foi construída, ligando a região ao prolongamento da Avenida Miguel Yunes. Usei o Autódromo de Interlagos como ponto de referência e desenhei à caneta o trajeto aproximado da ponte:


Mapa mostrando o Autódromo de Interlagos, também conhecido como Autódromo José Carlos Pace. Uma parte do mapa está desenhada por caneta, possivelmente local de uma futura ponte. O mapa está um pouco desgastado e dobrado, com algumas áreas rasgadas.
Mapa antigo que retrata a região antes da construção da Ponte Vitorino Goulart da Silva


Falo sobre esse local com carinho, pois conheci a área durante a inauguração da Estação Autódromo da CPTM, em 2007. Na planta antiga, o bairro era limitado pelas ruas Raimundo Lopes, Armando Vieira e pela Praça Almirante Pena Botto.


Lembro com clareza das ruas interditadas na época. E, pesquisando mais a fundo, encontrei um post de 2007 no fórum Skyscraper City com fotos incríveis da inauguração da estação. Vale a pena conferir!


Conclusão

Foi divertido relembrar momentos e lugares marcantes da minha vida, tudo graças a esse velho mapa. Embora hoje ele esteja cheio de remendos com fita adesiva e bastante desatualizado, continua sendo uma verdadeira relíquia da cidade — e, para mim, um tesouro sentimental que vale muito a pena preservar.


Para complementar essa leitura nostálgica, recomendo uma matéria da Veja São Paulo sobre os antigos guias de ruas da cidade. Cheia de curiosidades, é uma viagem no tempo que vale cada minuto!


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