Vamos conhecer um antigo mapa de ruas da Zona Sul de São Paulo que encontrei em um ferro-velho, em 2008! Pode parecer aleatório, mas é tudo verdade.
Nesta aventura, compartilho algumas fotos, curiosidades e descobertas sobre essa raridade — hoje tão difícil de encontrar na cidade.
Quem viveu em São Paulo nos anos 1990 e 2000 certamente já se deparou com aqueles enormes murais colados em pontos de táxi.
Na ausência de GPS ou internet como conhecemos hoje, motoristas e taxistas recorriam ao bom e velho guia de rua, também conhecido como planta da cidade, para se localizar.
Pesquisando online, descobri que o primeiro guia de ruas da capital foi o famoso Guia Mapograf, publicado desde os anos 1970. Outros nomes marcantes dessa época incluem o Cartoplam, o Guia Quatro Rodas e o já mencionado aqui no blog, o Guia Mais.
Esses guias funcionavam como livros, com as plantas da cidade divididas em páginas. Mas o que eu encontrei foge à regra!
Uma Raridade em Tamanho Gigante
Criado pela Editora Trieste e, em algum momento, comercializado pela loja Multimapas, o meu achado é um mapa mural de 120x90cm. Embora não cubra toda a Zona Sul, foi extremamente útil em sua época.
Infelizmente, não encontrei a data exata de produção, mas suspeito que seja do final dos anos 1990 ou início dos 2000.
Como esse mapa foi parar comigo?
Desde pequeno, tenho o hábito de fazer reciclagem para juntar um dinheirinho — foi assim que consegui comprar meu primeiro computador.
Em uma dessas visitas ao ferro-velho, em pleno 2008, me deparei com o mapa jogado no chão. Como sou fascinado por esse tipo de coisa, não pensei duas vezes e levei comigo.
Ele estava inteiro, sem rasgos, embora visivelmente usado. Foi através dele que conheci regiões que o Guia Mais não cobria, como partes do Jardim Ângela, Cidade Dutra, Grajaú, Pedreira e a divisa com Diadema.
A Evolução da Cidade Vista por um Mapa Antigo
Decidi comparar essa planta com o Google Maps atual para observar como a cidade evoluiu ao longo das décadas.
Ruas que desapareceram
Logo de cara, notei ruas que deixaram de existir. A construção da Avenida Luiz Gushiken, inaugurada em 2014, eliminou vias como a Rua Antônio Aranha, a Avenida Tomás do Valê — que, curiosamente, ainda aparece de forma equivocada no Google Maps — e um trecho da Rua Capitanias Hereditárias.
Quem quiser ver como era a região antes dessas mudanças pode usar a função de visualização histórica do Google Maps, escolhendo, por exemplo, o ano de 2010.
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Trecho atualmente percorrido pela Avenida Luiz Gushiken |
Outras alterações importantes ocorreram na Chácara Santo Antônio, com a criação da Avenida Arquiteto Carlos Bratke (no lugar de parte da Rua Laguna) e da Avenida Cecília Lottenberg, que substituiu as antigas Rua Professor Manoelito de Ornellas e Rua José Guerra.
Também merecem destaque as novas pontes Laguna e Edson de Godoy Bueno, além do Viaduto Marisa Letícia, que conecta a Estrada do M’Boi Mirim à Avenida Luiz Gushiken.
É claro que houve muitas outras mudanças, mas seria cansativo listá-las todas. Em vez disso, trago um exemplo curioso que nem o Google Maps mostra hoje: o terreno onde foi construída a Ponte Vitorino Goulart da Silva.
Jardim IV Centenário e a Ponte que Mudou Tudo
Esse mapa prova que foi produzido bem antes de 2008, pois a Ponte do Jardim IV Centenário ainda não aparecia nele. O complexo viário foi finalizado justamente naquele ano.
Para ilustrar melhor, destaquei no mapa o local exato onde a Ponte Vitorino Goulart da Silva foi construída, ligando a região ao prolongamento da Avenida Miguel Yunes. Usei o Autódromo de Interlagos como ponto de referência e desenhei à caneta o trajeto aproximado da ponte:
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Mapa antigo que retrata a região antes da construção da Ponte Vitorino Goulart da Silva |
Falo sobre esse local com carinho, pois conheci a área durante a inauguração da Estação Autódromo da CPTM, em 2007. Na planta antiga, o bairro era limitado pelas ruas Raimundo Lopes, Armando Vieira e pela Praça Almirante Pena Botto.
Lembro com clareza das ruas interditadas na época. E, pesquisando mais a fundo, encontrei um post de 2007 no fórum Skyscraper City com fotos incríveis da inauguração da estação. Vale a pena conferir!
Conclusão
Foi divertido relembrar momentos e lugares marcantes da minha vida, tudo graças a esse velho mapa. Embora hoje ele esteja cheio de remendos com fita adesiva e bastante desatualizado, continua sendo uma verdadeira relíquia da cidade — e, para mim, um tesouro sentimental que vale muito a pena preservar.
Para complementar essa leitura nostálgica, recomendo uma matéria da Veja São Paulo sobre os antigos guias de ruas da cidade. Cheia de curiosidades, é uma viagem no tempo que vale cada minuto!