Hoje é a vez de explorar um dos locais mais emblemáticos de São Paulo: o Mercado Municipal. Além de caminhar por seus corredores cheios de aromas e cores, vamos entender suas tradições e descobrir curiosidades que fazem do “Mercadão” um símbolo paulistano.
História do Antigo Mercado da Cantareira
A origem do Mercado Municipal de São Paulo remonta a 1926, quando o escritório do arquiteto Francisco Ramos de Azevedo recebeu a missão de projetar o edifício.
Após anos de construção, suas portas foram oficialmente abertas em 25 de janeiro de 1933.
O prédio se destaca pelos impressionantes vitrais — são 32 conjuntos artísticos divididos em 72 painéis — criados por Conrado Sorgenicht Filho, o mesmo artista responsável pelas janelas da Catedral da Sé.
Com inspiração no Mercado de Berlim, a arquitetura do Mercadão combina elementos neoclássicos com detalhes góticos. A estrutura foi montada com concreto e tijolos modulados na Alemanha, e suas torres laterais remetem à estética germânica.
Durante décadas, o local foi o principal centro de distribuição de alimentos da cidade. No entanto, a partir dos anos 1960, o surgimento do CEASA e problemas urbanos no entorno causaram uma queda em sua importância.
Houve até planos de demolição, mas a mobilização de feirantes, lojistas e da associação Renome resultou no tombamento do prédio pelo Condephaat.
Atualmente, o espaço conta com mais de 290 bancas distribuídas em 12.600 m², movimentando cerca de 350 toneladas de mercadorias por dia, com o trabalho de mais de 1.500 profissionais.
Rua da Cantareira
Localizada no coração do centro histórico, a Rua da Cantareira surgiu oficialmente em 1897, com o nome inicial de “Rua Tubarão”.
Ela ligava as ruas Dr. Jorge Miranda e João Teodoro e, com o tempo, foi estendida até o entorno do Mercadão.
O nome atual presta homenagem à Serra da Cantareira, região de onde vinha a água que abastecia a cidade na época da Companhia Cantareira de Águas e Esgotos, fundada em 1877.
“Cantareira” vem de cântaro, um tipo de vaso de barro utilizado para transportar água, símbolo que remete ao papel vital da região no fornecimento hídrico.
Hoje, a rua se transformou em uma via pulsante por onde passam milhares de pessoas diariamente em direção ao famoso mercado.
Pontos Positivos
O Mercadão atrai muitos turistas!
O Mercado Municipal de São Paulo é uma verdadeira vitrine da cidade — e um dos lugares mais movimentados por quem busca turismo, gastronomia e história em um só passeio.
A área gastronômica do Mercadão é um dos seus maiores atrativos. Ali, é possível saborear desde pratos simples com tempero caseiro até opções mais sofisticadas, tudo isso em um cenário repleto de história e com uma arquitetura de tirar o fôlego.
Gastronomia
Mais do que um edifício histórico, o Mercadão é um paraíso gastronômico. Suas bancas são repletas de sabores que representam a pluralidade da cultura gastronômica de São Paulo.
Quem caminha pelos corredores se depara com uma infinidade de opções:
- Sanduíche de mortadela: impossível não mencionar esse clássico. São várias camadas generosas do embutido entre fatias de pão, um verdadeiro símbolo do mercado.
- Amendoins variados: salgados, doces, apimentados ou com especiarias — perfeitos para quem quer beliscar algo enquanto passeia.
- Queijos e frios: as bancas especializadas surpreendem com produtos artesanais vindos de diferentes partes do Brasil e do mundo.
- Frutas e doces: das mais tradicionais às mais exóticas, há frutas frescas, secas ou cristalizadas, além de compotas e doces típicos que agradam todos os gostos.
- Bacalhau em dose dupla: seja no bolinho ou no pastel, o peixe aparece em receitas seculares, servidas sempre quentinhas e crocantes.
Presença Policial Reforçada
Durante minha visita ao Mercadão, uma das primeiras coisas que notei foi a presença expressiva de policiamento nas entradas principais.
O movimento constante de viaturas e agentes nas imediações transmite uma sensação de segurança aos frequentadores, especialmente em uma região do centro que costuma gerar certa preocupação.
Esse reforço na vigilância certamente ajuda a manter a ordem e a proteger tanto os turistas quanto os comerciantes.
É um ponto positivo importante, mas, como veremos mais adiante, ainda há desafios que vão além da segurança imediata.
Pontos Negativos
Estacionamento Caro
Um dos primeiros desafios para quem pretende visitar o Mercadão de carro é o preço do estacionamento.
Desde que o espaço passou para a gestão da iniciativa privada em 2021, a tarifa teve um aumento significativo — o que antes custava R$ 5 por hora, hoje pode chegar a R$ 25 logo na primeira hora, segundo dados de reportagens e avaliações de usuários no Google.
Quem opta por deixar o carro nas ruas próximas também não escapa: flanelinhas atuam livremente e costumam cobrar valores acima do preço oficial da Zona Azul, muitas vezes sem oferecer qualquer garantia de segurança.
O Polêmico "Golpe da Fruta"
Outro alerta importante vai para os turistas desavisados: o famigerado "Golpe da Fruta".
Relatos começaram a surgir em 2022, dando conta de que alguns vendedores abordam os visitantes com simpatia, oferecendo amostras de frutas exóticas, nacionais e importadas.
Enquanto o turista experimenta, os atendentes já montam uma bandeja — que chega pronta ao cliente. O problema aparece na hora de pagar: os valores são altíssimos, muitas vezes ultrapassando R$ 300 por uma simples porção.
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Em meio às muitas bancas de frutas, é importante estar atento ao chamado 'Golpe da Fruta'. |
O detalhe é que o preço divulgado costuma ser por 100 gramas, e não por quilo, o que confunde e gera frustração.
Em alguns casos, quem se recusa a pagar relata ter sido destratado, seguido ou até ameaçado pelos comerciantes. Mesmo que os casos tenham diminuído, o alerta ainda é válido: todo cuidado é pouco.
O Peso do Centro Histórico
Na minha visão pessoal, um dos grandes entraves para aproveitar plenamente o Mercadão está em sua localização.
Apesar de ser uma área histórica e cheia de significado, o centro de São Paulo enfrenta problemas crônicos de abandono, falta de infraestrutura e segurança precária.
É triste ver um patrimônio tão importante inserido em um contexto urbano marcado pelo descaso — tanto do poder público quanto de parte da população.
Esse contraste acaba impactando diretamente na experiência de quem visita o local. Falo mais sobre isso em uma postagem específica no blog, e recomendo a leitura para entender melhor o cenário.
Minha Experiencia Pessoal
Pode parecer estranho dizer isso, mas essa foi a primeira vez que entrei no Mercadão.
Anos atrás, estive ali apenas para fotografar a fachada, em uma postagem sobre “Os Lugares Mais Superestimados de São Paulo”, mas não cheguei a conhecer o interior. Pois bem, chegou o momento!
No dia 28 de abril, resolvi visitar o local de verdade. Peguei um ônibus até o Terminal Parque Dom Pedro II e segui o restante do caminho a pé.
Confesso que a caminhada foi um pouco impactante: o centro de São Paulo continua enfrentando muitos desafios, com ruas sujas, moradores em situação de rua e um ambiente que pede cautela.
Ao chegar à Rua da Cantareira, logo me deparei com a bela e imponente arquitetura do Mercado Municipal.
A primeira impressão foi reforçada pela presença de policiais nas entradas — especialmente próximas às portarias 8 e 9 —, o que me transmitiu uma certa sensação de segurança, algo positivo em meio ao caos urbano ao redor.
Lá dentro, senti como se tivesse voltado no tempo. Minha mãe sempre me contava como era o passeio ao Mercadão nos anos 1980, quando ela e meu pai vinham até aqui.
E, de certa forma, a energia continua a mesma: gente caminhando pra todos os lados, barracas de frutas oferecendo degustações, turistas encantados com o mezanino e, claro, filas para provar o famoso pão com mortadela.
Foi uma experiência muito agradável, surpreendente até — talvez justamente por eu não ter ido com grandes expectativas. Sem dúvida, valeu a visita.
Dicas para Quem Vai ao Mercadão
Se você está pensando em visitar o Mercadão, aqui vão duas dicas importantes que podem fazer a diferença na sua experiência:
1. Evite estacionar nas ruas ao redor do Mercado Municipal.
Além dos flanelinhas cobrarem valores abusivos — muitas vezes até o dobro da tarifa da Zona Azul —, a região não é das mais seguras. Infelizmente, há risco de furtos e até danos aos veículos.
Se possível, utilize o estacionamento oficial do Mercadão, apesar de ser caro e concorrido. Outra opção são estacionamentos particulares da região, que, mesmo não sendo baratos, oferecem mais segurança.
2. Cuidado com as “degustações” de frutas exóticas.
Essa prática é bastante comum: ao entrar, você pode ser abordado por um vendedor simpático que oferece pedaços de frutas exóticas para experimentar.
Como já mencionei, essa prática ficou conhecida como o famoso 'Golpe da Fruta'. Há diversas denúncias, inclusive com relatos de turistas sendo seguidos ou até ameaçados ao se recusarem a pagar.
Embora hoje existam novas regras impostas pela concessionária que administra o espaço, vale manter a atenção.
Se tiver interesse em comprar esse tipo de produto, pergunte bem antes, peça para pesar, e só aceite se tiver certeza do valor final.
Aliás, o G1 chegou a publicar uma matéria sobre isso, com mais detalhes e orientações para evitar esse tipo de situação. Vale muito a pena conferir.
Conclusão
Apesar dos desafios enfrentados pela região onde está localizado, o Mercado Municipal de São Paulo continua sendo um verdadeiro símbolo da cidade — um espaço que reúne arquitetura imponente, diversidade cultural e uma experiência gastronômica difícil de se encontrar em outro lugar.
É um passeio que agrada tanto quem busca ingredientes frescos quanto quem está atrás do famoso sanduíche de mortadela ou de um bolinho de bacalhau quentinho.
Sim, o entorno do Mercadão pede atenção redobrada, e alguns problemas — como preços abusivos e abordagens insistentes — ainda existem. Mas com informação e cuidado, a visita pode ser extremamente proveitosa.
Varejo (público geral): Segunda a sábado, das 6h às 18h | Domingo, das 6h às 16h
Atacado: Segunda a sábado, das 22h às 6h